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CANNABIS MEDICINAL, o renascer de uma medicina milenar.

Atualizado: 20 de set. de 2023

Cannabis, história, proibição.

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Como uma planta que já foi produzida por grandes indústrias farmacêuticas e utilizada como remédio universal caiu em desuso, e por que tantas décadas depois ela renasce como como alvo farmacológico de interesse emergente?

A Cannabis S. é uma planta pertencente à família das Cannabaceas, mesma família do Humulus, famoso lúpulo da tão amada cerveja. A palavra “Sativa” vem do latim que se refere à “cultivada”, uma vez que a Cannabis está entre as plantas mais antigas cultivadas pelo homem (1,2). O papel da Cannabis na antiguidade era múltiplo, da planta nada se perdia, era possível obter desde o óleo medicinal, à confecção de papeis, fios, tecidos, cordas, alimento e outros subprodutos. Se mostrando essencial para a evolução da vida em civilização (1,3,4).

Seu uso medicinal é datado há mais de 4.00 mil anos A.C., prescrito por imperadores e curandeiros locais para reumatismo, constipação intestinal, malária, inflamações, distúrbios do sistema reprodutor feminino, analgésico, anticonvulsivante, hipnótico, tranquilizante, antibiótico, antiparasitário, estimulante de apetite (1,3). No início do século XX grandes indústrias farmacêuticas fabricavam e comercializavam extratos e tinturas de cannabis, como Merck (Alemanha), Burroughs-Wellcome (Inglaterra), Eli Lilly e Parke-Davis dos EUA.

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Fonte: "MuseuFarmácia"

Nessa época a medicina científica a usava como remédio universal indo desde o uso para tratar afecções pulmonares à tumores cerebrais, neurites e insuficiências cardíacas, entre outras inúmeras patologias, mas ainda não elucidado como que a planta produzia efeitos orgânicos, acreditava-se que era por suas características químicas que podiam "atravessar a membrana da celular" (1,5).

Na época, atrelado à proibição da cannabis embasada em argumentos falaciosos e preconceituosos, o declínio do uso médico se deu por falta de compreensão da ciência sobre sua ação farmacológica que inviabilizava a obtenção de uma dosagem consistente como requer a medicina moderna. Ainda, surgia o desenvolvimento de vacinas e antibióticos contra doenças infecciosas com indicações mais específicas que passaram de maior interesse para a indústria farmacêutica, uma vez que o extrato de cannabis possuía múltiplos efeitos (1,3).

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Somente em 1964 foi identificado o THC (composto psicoativo da cannabis) resultando posteriormente na descoberta do Sistema Endocanabinoide (SEC), um sistema endógeno que possui receptores celulares específicos para as moléculas encontradas na planta “maconha”, os mais estudados são THC e CBD, mas já foram identificados mais de 130 compostos denominados “fitocanabinoides”, os principais receptores do SEC são CB1 e CB2. Posteriormente foi possível descobrir a existência de substâncias produzidas pelo próprio organismo, chamados de endocanabinoides, que possuem similaridade orgânica com os fitocanabinoides (presentes na maconha) (1).


REFERÊNCIAS

(1) Zuardi AW. Cannabis e Saúde Mental – Aspectos Históricos da Cannabis na Medicina e em Saúde Mental. 1ª ed. São Paulo: FUNPEC, 2008.

(2) Pollio A. The Name of Cannabis: A Short Guide for Nonbotanists. Cannabis and Cannabinoid Research vol 1.1, 2016.

(3) Ribeiro S.; Lopes RM. Maconha, Cérebro e Saúde - História. 1ª ed. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2007.

(4) Saad L. “FUMO DE NEGRO”: A Criminalização da Maconha no Pós-Abolição. 1ª ed. Salvador: EDUFBA, 2019.

(5) Levini DM. O Livro da Maconha – História Recente. 1ª ed., Estados Unidos: Vista Chinesa, 2010.


 
 
 

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